O QUE: Espetáculo “Lenda das Yabás”
QUANDO: Sábados e Domingos
SESSÕES: 20: horas
ONDE: Sala de Teatro do Centro Cultural Ensaio (Av.
LeovigildoFilgueiras nº 58 Garcia)
INGRESSOS: R$ 20, (int.) – R$ 10, (meia)
SOBRE A ENCENAÇÃO
“Iabá, YabáouIyabá , cujo o termo quer dizer Mãe
Rainha, é o termo dado aos orixás femininos Yemanjá e Oxum, mas no Brasil esse
termo é utilizado para definir todos os orixás femininos em geral”
O Centro Cultural Ensaio realizará sessões do Espetáculo Lenda das Yabás para um
público restrito a 50 pessoas. As primeiras apresentações serão voltadas para o
povo do axé e associações ligadas a cultura Afro. Na noite de estreia a
Companhia de Teatro Terra Brasilis (CTTB)terá como plateia a presidente (Rita
Santos) e associadas da ABAM - Associação das Baianas de Acarajé de
Salvadorpara o espetáculo que tem a sua estreia oficial prevista para Março de
2013, com texto e direção de Fabio S. Tavares (Benedita, Fogueira, Escombros,
Quadrilha). No local haverá a Exposição intitulada “Bahia’ Minha Preta” que
traz objetos de personalidades baianas a exemplos dos turbantes de Negra Jhô
além de quadros sobre o processo de ensaios e laboratórios do espetáculo.
Independente e a cima de
discussões acerca de raça ou religião, o Texto “Lenda das Yabás” traz
à tona a história da ancestralidade da cultura afro-brasileira, bebendo da sua fonte
mais pura ao se utilizar das lendas de quatro Yabás (orixás femininas):Yansã,
Obá, Ewá, Nanã e Oxum. Entrelaçando os contos dessas divindades, o elenco
da CTTB estimula o público a conhecer uma história intensa
oferecendo diálogos diretos criados com o intuito de humanizar as personagens
centrais e visando captar a atenção absoluta do espectador quase transpondo-os
para a encenação.
O Texto, que tem uma construção narrativa
cenários e figurinos artesanais, conta a lenda das Yabás passando ainda por
outros Orixás como Yemanjá, Exu, Xangô, Ogun, Omolu e Oxalá, os quais têm sub-contos dramatizados com a intenção de
levar ao público um conhecimento sobre as lendas desses orixás sem desrespeitar
o conceito de cada um deles. A musicalidade está presente na encenação com
atabaques que pontualmente dão o clima e vestem as cenas com a leveza ou peso
necessários para a construção cênica. Todo o som produzido ao vivo pelo elenco
vem em função da expressão dramática e não se sobrepõe a ela.
Dentro do processo de construção do espetáculo
foram despertadas outras possibilidades e o projeto ganhou o nome de Olubajé(que
no candomblé é um ritual especifico para o orixá Obaluayê, que tem o
significado de prolongar a vida e trazer saúde aos participantes)que integra
uma série de Workshops intitulado de “CRU”
que é uma sigla para Crença (um debate), Raiz (uma Oficina) e Universalidade (um
bate papo entre lideres de diversas religiões que será aberto ao publico) além
da Exposição “Bahia Minha Preta” que
reúne obras – entre quadros, turbantes, esculturas artesanais e exibição de
fotos e filmes – que objetiva homenagear a cultura Afro do da Bahia e suas
raízes.
Mas a pedra fundamental é o
espetáculo que trás uma historia que se passa num passado e tempo indefinido e
mostra a fúria de um Deus humano que age de acordo com suas emoções. Revoltado
com a destruição e discórdias que os homens vêm causando a aiê (Terra),Olorum
resolve infertilizar todas as mulheres (as Yabás) para extinguir a raça humanae
prender a chuva para que a Terra fique seca- isso é representado pelos galhos
secose tom pastel que compõem o cenário dando aspereza a encenação - pois a
natureza retrata é a presença concreta do Deus abstrato. Nanã, que é a mais
antiga dos orixás, surge no texto como uma grande ialorixa e sacerdotisa que
conduz os festejos, impostos por Exu, em agradecimento por este ter conseguido
chegar a olorumdesvendando os segredos para que o Deus maior devolvesse a paz a
Terra. O espetáculo traz os Orixás em forma humana e enfatiza que todo ser
vivo, por possuir uma parcela divina, é capaz de se conectar com Deus com bases
na energia e ações emitidas a outro sere por isso Exu conseguiu chegar a Olorume
descobrir os segredos para trazer a concórdia a Terra. O mesmo Exu que trará a
paz também conduz a ciumenta Oxum, causando intrigas e discórdias entre as
demais Yabás, utilizando da obsessão que mesma sente pelo amor de Xangô, que
por sua vez vive com suas quatro mulheres no palácio onde se passa toda a
historia.
Cada uma das Yabás com seus signos traz em si a
representatividade da essência e força feminina que ganham destaque na
encenação que tem um misto dereligiosidade popular e sensualidade profana. Yansã
representa a figura da mulher contemporânea e independente, que age de acordo
com a sua intuição e vontade sem se curvar aos caprichos ou preconceitos de uma
sociedade (e por isso é a preferida de Xangô). Obá representa a evolução
feminina em busca da igualdade, sua personalidade vai da típica dona de casa
que se esmera ao máximo para agradar seu marido - sendo vítima de diversas
injustiças - até a descoberta da força que muitas mulheres trazem dentro de si
e desconhecem. A grande lição de Oba vem quando ela dá um basta na situação que
vive e com isso se torna uma grande guerreira. A menina Ewá, representa o
romantismo e inocência feminina. Demonstra sua força na revolta pela desilusão
amorosa que sofre após cair numa das muitas armadilhas criadas por Exu. Ela é
salva da fúria de Yansã por Oxossi que a leva para a mata e lá descobre essa
força e volta para se vingar de Xangô que tentou seduzi-la. Oxum, sempre orientada
por Exu, ao longo da história se utiliza da sua beleza para seduzir e
orquestrar situações com o intuito de afastar as outras mulheres de Xangô, até
que Oxalá vem ao reino para selar a paz e transformar os homens em orixás.
Com esses elementos o Texto, do também produtor
Fábio S. Tavares, projetou um espetáculo que reitera o papel do ator no processo
criativo - isso pôde ser conferido com os pequenos vídeos que foram lançados semanalmente
em redes sociais, com imagens do processo de criação ao longo dos 10 meses de
ensaios - enfatizando, sobretudo, o corpo e o leque de expressões possíveis em
que ele se realiza na cena: da dança à pantomima. Nessa montagem, percebemos
que as personagens da trama nascem do natural
e não do realismo (numa interpretação tipicamente stanislavskiana), buscando
também uma técnica que envolve o ator na sua totalidade: mente, corpo, gesto,
palavra, espírito, matéria, interno, externo (tendo inspiração na obra do
teórico Grotowski). Elas são, no entanto, espelhos do real, mas distorcidos
pelo manejar poético do ator e da pulsão do seu gestual no espaço. Nesse embalo
foram fundidos diversos elementos da dança contemporânea com o naturalismo da
interpretação, sem perder, no entanto, a dinâmica cênica que o texto reclama.
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